Cadeia Velha e a cultura: como vai ser?
Há anos, a Cadeia Velha tem sido ponto de encontro cultural, com cursos, oficinas, lançamentos e apresentações artísticas de vários segmentos. Por anos, sediou a Oficina Regional Cultural Pagu, hoje localizada provisoriamente no Centro Comunitário São Judas Tadeu, no bairro Marapé. Nas últimas semanas, uma discussão ganhou destaque no meio artístico santista e nas mídias sociais, principalmente o Facebook: a possível municipalização do prédio. Tanto que foi criada uma petição (acesse aqui). O movimento artístico defende a manutenção das atividades da oficina pelo Estado. Já a Secretaria de Cultura de Santos explica que o que pode ocorrer é uma gestão compartilhada.
O CulturalMente Santista ouviu o ator e diretor de produção do Curta Santos, Junior Brassalotti, que fala do encontro entre representantes do movimento cultural de Santos com membros do Estado, semana passada.
“Estivemos em São Paulo, na Secretaria de Estado da Cultura, e lá nos foi dito que não havia interesse por parte do Governo na municipalização, texto contrário ao que nos foi dito por representantes da Secretaria Municipal de Cultura”, ressalta. “Não temos expectativas além de que isso não seja levado adiante e que o Estado siga com seu trabalho na Baixada Santista, trazendo alternativas de políticas públicas para a cultura, dando aos cidadãos e artistas outras possibilidades além das que já são bem realizadas pela Prefeitura local, por exemplo, pois vários avanços foram dados pelo poder público em Santos nessa área (vide o Portos de cultura)”, continua. “O que não podemos permitir é que o Estado se exima dessa responsabilidade – as Oficinas Culturais do Estado atingem diretamente toda a Baixada Santista. O que nos deixou tranquilos foi saber que isso não é algo que está nos planos deles – ou seja, precisamos de uma interlocução maior para que a Prefeitura compreenda a importância da manutenção do prédio pelo Estado e não o municipalize, ação que só vai gerar mais e mais gastos num orçamento já tão reduzido, pois um prédio daqueles precisa de cuidados permanentes e já temos vários edifícios históricos para tomar conta. Hoje, é o Estado que vai pagar a conta. Em breve serão nossos cofres municipais. Podemos aceitar isso quietos? É só ver o Coliseu, que precisará ser reformado novamente, o Teatro Municipal, onde está o Museu da Imagem e do Som – que também precisa de inúmeros cuidados – e o Teatro de arena Rosinha Mastrângelo, abandonado”, ressalta o ator. “Ou será que teremos que lidar no futuro com organizações sociais tendo que cumprir um papel que cabe a nossos representantes legítimos eleitos por voto? Estamos a favor da Prefeitura por isso tudo e contra a municipalização por isso tudo”, conclui.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Cultura de Santos, após a reforma que será feita pelo Estado na Cadeia Velha, a ideia é de uma gestão do espaço compartilhada: as oficinas culturais promovidas pelo Estado continuariam acontecendo normalmente e a manutenção do prédio ficaria a cargo da Prefeitura, que também realizaria atividades culturais no local. Nesta sexta-feira, o Secretário de Cultura de Santos, Raul Christiano, terá uma reunião com o Secretário Estadual da Cultura, Marcelo Mattos Araújo, para tratar do tema “oficinas culturais”. Após o encontro, ele falará ao CulturalMente Santista sobre o que foi tratado.